Criando uma Identidade Global – Um Projeto Inovador Rastreia Milhões de Íris
Desde julho deste ano, um projeto ambicioso tem chamado a atenção no campo da tecnologia e criptomoedas. A iniciativa envolve o rastreamento das íris de milhões de pessoas ao redor do mundo, incluindo brasileiros, com o objetivo de criar uma ‘Identidade Global’. Por trás deste projeto, está uma máquina inovadora chamada Orb, alimentada por Inteligência Artificial (IA), capaz de ler as singularidades de uma íris e confirmar que se trata de um olho humano.
Como Funciona o Projeto
O projeto, liderado por Sam Altman, ex-presidente do famoso acelerador de startups Y Combinator, tem como objetivo final registrar biometricamente os 8 bilhões de humanos na Terra. A ideia é criar uma espécie de ‘RG Global’, o World ID. Em menos de um mês, já foram cadastradas 2,2 milhões de pessoas, incluindo brasileiros.
O projeto funciona em três pilares principais:
1. World ID: verifica a identidade de uma pessoa, com um registro numérico, após o reconhecimento biométrico. A ideia é que ele possa ser usado por empresas e governos como uma ‘identidade’ global.
2. Worldcoin (WLD): é a criptomoeda criada pela empresa e emitida para todos aqueles que se inscreveram no projeto.
3. World App: é o aplicativo que conecta o Orb ao usuário no momento do registro biométrico. Com ele, também é possível receber as criptomoedas e negociá-las. A identidade digital também fica registrada no app.
‘RG Global’: Como é Feito
Para fazer os registros, a Worldcoin estabeleceu diversos pontos de coleta biométrica. No Brasil, eles estão em três endereços, todos no estado de São Paulo. Para participar da experiência, alguns locais pediam agendamento pelo aplicativo.
O processo de registro da íris é rápido e leva apenas alguns segundos. Com a íris coletada, um código é gerado no app – o que seria o registro da identidade do usuário.
Pagamento em Criptomoeda
Pelo próprio aplicativo, o usuário decide se concorda em manter o registro da íris com a empresa ou se prefere que ele seja descartado. No segundo caso, segundo a Worldcoin, a imagem do olho é apagada dos arquivos.
O pagamento em criptomoedas aparece no próprio app. Nos melhores momentos da criptomoeda, quando ela estava cotada a US$ 2,50, o pagamento equivalia a US$ 62,50 (R$ 312). Atualmente, a WLD é negociada a US$ 1,54, segundo o site CoinMarketCap.
Renda Básica e Worldcoin
Um dos objetivos fundamentais do projeto é a parte financeira. O manifesto da Worldcoin diz que o aplicativo tem o potencial de ‘conectar (financeiramente) pessoas em escala global’. Seus fundadores citam, por exemplo, a possibilidade de arrecadação de fundos para questões humanitárias.
A empresa também indica que o dinheiro digital ‘é mais seguro’, já que não pode ser roubado ou falsificado, o que pode ser importante para ‘transações financeiras transfronteiriças instantâneas’.
A possibilidade de receber a moeda virtual após o registro da íris é um dos motivos que tem atraído usuários ao projeto, que gerou filas em algumas das cidades por onde passou, como Tóquio, no Japão, e Nairóbi, no Quênia.
A Primeira Escultura Feita por IA do Mundo
Enquanto o projeto Worldcoin avança, a inteligência artificial continua a impressionar em outras áreas. Em Estocolmo, na Suécia, foi exibida a primeira escultura feita por inteligência artificial do mundo.
Questões de Privacidade
Apesar dos avanços e do potencial do projeto, algumas questões de privacidade têm sido levantadas. Em alguns países que receberam o projeto, este acabou interrompido pelas autoridades locais. No Quênia, o governo citou preocupações de privacidade de dados e ordenou que a Worldcoin suspendesse a inscrição de novos usuários.
Na Argentina, o projeto foi interrompido e depois retomado sob investigação da autoridade nacional de dados. A empresa também é alvo de escrutínio em outros países, como Alemanha, França e Reino Unido.
Worldcoin e a Lei de Dados no Brasil
No Brasil, para coletar e processar os dados como fez nas últimas semanas, a empresa deve estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A forma como a Worldcoin lida com o tema consta em sua política de privacidade, atualizada no meio deste ano.
O advogado Renato Opice Blum, especialista em direito digital, diz que a redação da política de privacidade da empresa não fere os princípios da LGPD. Mas pondera que o escrutínio das autoridades é importante.
Em nota, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) informou que está ciente do lançamento do projeto e que eventuais violações à LGPD só serão constatadas após processo fiscalizatório.
‘Considerando o recente lançamento da ferramenta, a ANPD avaliará a necessidade de adoção de providências para verificação da conformidade da plataforma com a LGPD’, diz o comunicado.
Este projeto inovador mostra como a tecnologia e a criptomoeda estão se entrelaçando para moldar o futuro. Com a possibilidade de criar uma identidade global e oferecer uma forma de renda básica, a Worldcoin tem o potencial de mudar a maneira como interagimos com o dinheiro e uns com os outros. Ao mesmo tempo, levanta questões importantes sobre privacidade e segurança de dados, que serão fundamentais para moldar o futuro desta e de outras iniciativas semelhantes.
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