A Agência AP define diretrizes para o uso de IA no jornalismo

A Associated Press (AP), uma grande organização de jornalismo, tornou-se a primeira a estabelecer um acordo com uma empresa de inteligência artificial generativa (IA) para o uso de seu conteúdo. Os detalhes deste acordo foram divulgados recentemente, junto com um conjunto de regras para o uso da tecnologia por seus profissionais.

IA no jornalismo: benefícios e riscos

A IA tem o potencial de revolucionar muitos setores, incluindo o jornalismo. No entanto, ela também apresenta riscos significativos. As ferramentas de IA podem inventar ou deturpar fatos, o que leva a inverdades involuntárias ou a disseminação de fake news.

Devido a esses riscos, a AP estabeleceu que, embora tenha um contrato com a OpenAI, seus profissionais podem ‘experimentar’ o ChatGPT ‘com cautela’, mas não devem usá-lo para criar conteúdo publicável.

Uso do conteúdo da AP para treinar IA

O acordo entre a AP e a OpenAI permite o uso do conteúdo da AP para treinar o ChatGPT. No entanto, a AP optou por uma abordagem cautelosa, já que a IA ainda não é confiável o suficiente para garantir a precisão das respostas do chatbot.

A AP tem uma audiência vasta, com seu conteúdo sendo reproduzido por veículos de mídia de todo o mundo. Portanto, o impacto dessas regras será sentido em todo o setor.

Regras para o uso de IA no jornalismo

O guia divulgado pela AP, assinado por Amanda Barrett, Vice-Presidente de Padrões e Inclusão, estabelece que:

> Qualquer resposta de uma ferramenta de IA generativa deve ser tratada como material de origem não verificada. A equipe deve aplicar seu julgamento editorial e os padrões jornalísticos da AP ao analisar qualquer informação antes da publicação.

Além disso, Barrett enfatiza que a função central dos jornalistas da AP – reunir, avaliar e ordenar fatos em notícias, vídeo, fotografia e áudio – não mudará com a chegada da IA generativa.

A AP e a IA: uma parceria cuidadosa

A AP, uma agência de notícias fundada em 1846 e que funciona como uma cooperativa sem fins lucrativos, vê o uso da IA como uma ferramenta, e não como uma substituição para os jornalistas.

A AP tem uma história rica e premiada, com 58 prêmios Pulitzer, incluindo 35 de fotografia. Essa tradição de excelência é algo que a agência pretende preservar, mesmo com a incorporação de novas tecnologias como a IA.

# Restrições ao uso de imagens e sons gerados por IA

O guia da AP também aborda o uso de imagens e sons gerados por IA. A agência proíbe a alteração de elementos de fotos, vídeos ou áudios, seja adicionando ou eliminando conteúdo original.

No entanto, há uma exceção para a veiculação de ilustrações ou obras de arte geradas por IA, se estas forem o assunto de uma notícia. Nessas situações, a imagem deve ser claramente rotulada como tal.

Preocupações com a privacidade dos dados

As regras da AP também refletem preocupações com a privacidade dos dados coletados pelas IAs. A equipe da AP é orientada a não inserir informações confidenciais em ferramentas de IA generativas.

Jornalismo, IA e desinformação

A IA generativa facilita a disseminação de desinformação, alterando palavras, fotos, vídeos ou áudios para parecerem realistas e autênticos. Barrett afirma:

> Para evitar o uso inadvertido de tais conteúdos, os jornalistas devem ter a mesma cautela e ceticismo que normalmente usariam, incluindo tentar identificar a fonte do conteúdo original, fazer uma pesquisa reversa para verificar a origem de uma imagem e checar reportagens com conteúdo semelhante de mídias confiáveis.

O guia termina com um conselho sábio: ‘se houver dúvida sobre a autenticidade de um material, ele não deve ser usado’.

O futuro da IA no jornalismo

A organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras formou um grupo de especialistas de vários países para elaborar um código de regras para a adoção da IA no jornalismo, incluindo questões operacionais e éticas. Este é um passo importante para garantir que a IA seja usada de maneira responsável no jornalismo, preservando a qualidade e a integridade do jornalismo.

Em conclusão, a IA tem o potencial de transformar o jornalismo, mas é essencial que haja regras e diretrizes claras para seu uso. O guia da AP é um primeiro passo importante nessa direção.

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